17/12/2010

Escola verde


 Desde pequeno, John Hardy sentia na pele as consequências de um sistema de ensino fechado. Sendo disléxico, seu tempo de colégio foi ainda mais difícil, como conta em sua apresentação no TED. Assim, com 25 anos Hardy fugiu para Bali, na Indonésia, onde conheceu sua esposa e viveu feliz por mais de 20 anos.

Um dia, a mulher de Hardy o levou para assistir ao filme de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente, que mudou para sempre a sua vida. “Eu tenho quatro filhos, e mesmo se apenas parte do que ele diz é verdade, eles não vão ter a vida que eu tive. E naquele momento eu decidi que passaria o resto da minha vida fazendo o que pudesse para melhorar as suas possibilidades”.


Foi assim que eles criaram a Escola Verde, um espaço feito de bambu, onde as salas não tem paredes, as cadeiras não são quadradas e, o mais importante, “as crianças sorriem”. Lá foi adotado o sistema holístico de ensino, que estimula o aprendizado completo nos jovens estudantes, desenvolvendo todos os tipos de habilidades e ampliando as possibilidades no seu futuro.

Em três anos de existência, a escola já tem 160 alunos, que estudam as disciplinas tradicionais, como português e matemática, mas também aprendem atividades únicas, como construir objetos com bambu, praticar artes balinesas antigas e cozinhar mandioca colhida na hora.


Hardy conta que na escola as crianças são ensinadas que o controle do clima sem esforço pode não ser parte do futuro deles e que o mundo não é indestrutível. Para reforçar esses ensinamentos, a instituição utiliza energias alternativas e sanitários compostáveis.

Ao longo dos nove hectares de jardins ondulados cortados por um rio também é possível encontrar animais, como vacas, porcos e búfalos, e uma grande horta orgânica onde são cultivados todos os alimentos consumidos pelos alunos, funcionários e voluntários.

O diretor conta ainda que as crianças tem a oportunidade de vivenciar o mundo ao seu redor, como aprender a plantar, cultivar, colher e cozinhar o arroz orgânico. “Elas são parte do ciclo do arroz. e essas habilidade serão valiosas para elas no futuro”, diz.


“A Escola Verde é um lugar de pioneiros, local e global. É tipo um microcosmo do mundo globalizado. Os alunos vêm de 25 países. Quando os vejo todos juntos, eu sei que estão pensando em como viver no futuro.”

O resultado de toda essa dedicação já é visto por Hardy. Ele conta que recentemente encontrou um pai no jardim da escola que havia viajado 24 horas de avião até Bali apenas para ver a Escola Verde. Alguns meses depois do encontro ele trouxe os filhos para estudarem no local.

“Isso foi uma grande coisa. Mas mais do que isso, tem gente construindo estufas ao redor da Escola Verde, assim os seus filhos podem ir para a escola a pé. E as pessoas estão trazendo suas indústrias verdes, e tomara que tragam seus restaurantes verdes. Está virando uma comunidade. Está se tornando um modelo verde”, comemora.

Ele também celebra o fato de estarem surgindo pessoas de todas as partes do mundo para apoiar o Fundo da Bolsa de Estudos Balinesa, que criará a futura geração de líderes sustentáveis de Bali, além de se listarem como voluntários para ensinar música, agricultura e outra série de atividades para os alunos locais.

“A Escola Verde é um modelo que construímos para o mundo. É um modelo que construímos para Bali. E vocês só precisam seguir umas regras simples, muito simples: seja local, deixe o meio ambiente liderar e pensem sobre como os seus netos poderão construir”, conclui.(EcoD)

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